- Oi! Aqui quem fala é o filhinho da mamãe.
- Sou filho único de mãe solteira, portanto não tenho ninguém para ter que aprender a dividir. Tenho tudo e sou o centro das atenções. Sou mimado pela minha avó, minha tia e primos.
- Mas também tenho muitas frustrações, já que também não tem ninguém pra dividir a responsabilidade de dar uma vida boa aos meus pais. Tenho que ser o melhor, ser bem sucedido. Já dizia Peter Parker, com grandes poderes existem grandes responsabilidades, sou mais cobrado por conta porque ninguém divide ela comigo.
E onde que isso vai refletir e encontrar dificuldades, adivinhou quem disse escola. É lá que essa geração vai habitar e como irão lidar com a autonomia que o professor lhe pede. Não estamos falando aqui de coisas mirabolantes ou da cura da aids e sim de apenas usar o lápis e a borracha ao invés do celular. A mãe não proíbe seu uso em casa como falaremos não no colégio?
Os alunos xingam, não respeitam, são irônicos porque em casa seus pais dizem que ele é especial. Quando chega em um lugar que discordam de sua opinião ou não batem palma, esse é o pior lugar do mundo, quero sair o mais rápido possível. Mais as suas frustrações continuaram com a vida adulta, pois sonhou que seria muito bem sucedido mas conseguiu alcançar apenas um cargo mediano em um média empresa.
Esse caminho vai ser mais longo e difícil quando só acontece nas mãos do professor, mas é potencializado quando a família se atenta para isso. O professor estimulará o aluno a se frustar, a ele ver que a vida não é tão fácil como ele imaginava, ela não vai trazer água quando você estiver com sede. Não devemos sermos carrasco do nosso aluno, mas fazer com que ele aprenda e der valor ao que foi aprendido. Que ele se emancipe da redoma protetora de seu pais e alce voo para longe do ninho.
Devemos retomar a visão dos nossos alunos como protagonistas de um mundo novo e não viver mais os sonhos de nossos pais, para isso devemos ser ativos nos debates e discussões. Assim levar sempre reflexões a cerca de sua própria vida, como ele tem vivido-a, sobre sua volta, tem se cercado de boas amizades, e sobre o que acontece ao seu redor, questões políticas e sociais.
Não deixemos que roubem a infância e adolescência de nossos alunos, que eles possam viver todo o seu potencial criativo, caridoso e social.